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Mantas na Laje de Santos - Julho 2007

Por André Gusson
Instrutor PDIC #15523
Instrutor IANTD #7101


As Mantas na Laje de Santos...

Durante a semana do mergulho, um pouco de apreensão com relação a previsão do tempo, frente fira que chegou na terça, mas iria embora na sexta...sábado sem vento mas com ondulação alta de sul... enfim, a saída seria realizada, havia condições de segurança para isso...e a semana foi passando, e-mails, telefonemas, troca de informações...e tudo confirmado, até porque durante a semana o tempo foi mudando exatamente de acordo com as previsões da internet...

Sexta-feira a noite, os últimos telefonemas e a mala de mergulho arrumada no canto da sala, lembro que passe por ela antes de dormir e comentei baixinho, comigo mesmo...”Amanhã vai ser o dia”... Acertei o despertador para as 5:00hrs, e entre pensamentos e planejamentos para o dia seguinte acabei pegando no sono... 

Sábado de manhã, carro carregado...e as mesmas musicas embalam a viagem, o pensamento voa longe, como um ritual que se repete a cada vez que o destino é a Laje de Santos...Durante a descida da serra baixou uma neblina que impedia o sol aparecer, mas...estava tudo dentro das previsões...

Chegando na marina, os mesmos procedimentos...descarregar o carro, montar os equipamentos e esperar a turma chegar...  

Tudo certo e preparado, os motores do barco são ligados, e iniciamos a navegação, uma breve preleção na proa para falar sobre os mergulhos e separar as duplas...e logo a Ponte Pênsil foi ficando para trás...passamos pela barra, as ondas aumentaram um pouco mas nada de anormal...para nossa surpresa, pouco tempo depois a ondulação diminuiu e fizemos uma navegação extremamente confortável...

Chegamos na Laje e optamos por parar em outra poita, para aumentar o conforto e diminuir o balanço do barco. 

Em pouco tempo os primeiros mergulhadores entraram na água e partiram para seus mergulhos...todos reclamavam do frio, mas logo as reclamações paravam quando olhavam para baixo... Estávamos de volta ao azul da Laje, e assim começamos o primeiro mergulho em direção ao naufrágio Moréia...Realmente estava frio 18ºC, mas parecia que desta vez o frio não incomodava tanto...Dez minutos de mergulho se passou e a quantidade de vida da Laje estava espetacular, tartarugas nadando e deitadas entre pedras, muitos peixes...mas até o momento, nada das mantas aparecerem...quinze minutos e nada ainda...quando de repente bem longe do grupo passa uma delas...depois outra...e a terceira um pouco mais perto... O que deixou o Grupo encantado, pois dava pra ter uma noção exata do seu tamanho, de suas formas e cores...Nesses instantes de pura adrenalina, as tartarugas e o naufrágio já não chamavam tanta atenção...e assim encerramos o primeiro mergulho. 

Durante o intervalo de superfície, muitas fotos, histórias e muita ansiedade para o segundo mergulho... Depois de uma hora decidimos voltar para água, mas iríamos mergulhar para o outro lado, na direção do portinho... A decisão não poderia ser mais feliz. Com menos de dez minutos de mergulho, avistamos a primeira raia manta, nadando próximo ao grupo, com muita calma...se aproximando aos poucos... Apenas paramos de nadar e ficamos observando...era grande, e foi ficando cada vez maior... Comecei a contar os mergulhadores e reparar se todos estavam olhando o bicho... Sim todos estavam, menos o “Jura”, que estava parado olhando para o lado oposto...nadei até ele na intenção de mostrar a raia, mas quando cheguei perto, ele que me mostrou... Um bicho enorme, nadando em nossa direção e dando um looping bem na nossa frente, a pouco mais de um metro, quase ao alcance de nossas mãos... Depois disso, nos ajoelhamos na areia e ficamos todos assistindo o espetáculo, chegou mais uma manta, e ficaram nadando sobre nossas cabeças, pareciam brincar com nossas bolhas... Foram momentos de pura emoção.. E, da mesma forma que elas chegaram...elas se foram, nadando com graça, uma a uma desaparecendo no azul...no azul da Laje... 

Ainda ficamos parados por um tempo, olhando um para o outro....até que alguém sinalizou que era hora de retornar ao barco...e assim foi, um por um dando meia volta e nadando para o barco...esperei mais alguns instantes, e comecei a nadar, lentamente como todos...mas fechando o grupo... Nesse momento um sensação única tomou conta de meus pensamentos, olhava para frente e conseguia ver todos os mergulhadores, parecia que todos estavam nadando no mesmo ritmo, com a mesma sensação e pensamento...foi estranho, mas senti que todos estavam voltando para o barco com a sensação de "missão" cumprida, completamente extasiados  com o espetáculo que tinham acabado de ver...fizemos nossa parada de segurança, chegamos ao barco...e a festa começou... Fotos, histórias, narrativas...foi simplesmente demais... 

A vida da Laje continua maravilhosa como sempre, mas dessa vez as mantas deram e fizeram o show, com certeza foi um dos melhores mergulhos que já fiz.

 

 

 

 Raia Manta na Laje de Santos