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A prevenção de acidentes em operações de mergulho

Por Roberto Trindade
Instrutor Trainer PDIC # 10115
Instrutor Trainer IANTD # 6819


Os acidentes em operações de mergulho esportivo envolvendo vítimas são relativamente raros, mas não impossíveis de acontecer. Entendemos acidentes como eventos inesperados, caracterizados por encadeamentos de erros com causas diversas. Para esse estudo, os acidentes foram classificados de maneira distinta, conforme o local onde podem ocorrer. Assim sendo, temos a seguir:

  1. Acidentes embarcados
  2. Acidentes de Mergulho
  3. Outros acidentes

1. Acidentes embarcados

Os acidentes embarcados ocupam a maior freqüência, mas felizmente, produzem na maior parte das vezes, pequenas lesões. Estes acidentes estão ligados, em sua maioria, ao ato de levantar e transportar material, no ato de carregar e descarregar a embarcação. As quedas do mergulhador e as quedas de objetos sobre o mesmo são também importantes. A maior parte das lesões referem-se a quadros de entorses e contusões, e em menor proporção, pequenas feridas. Mas não podemos deixar de citar os casos esporádicos de lesões de maior significado como os esmagamentos, amputações traumáticas, queimaduras, luxações, intoxicações por gases, auto-medicação e alimentação, passando pelas fraturas, enjôos e hiportermia.

2. Acidentes de Mergulho

Compreendem os acidentes relativos à própria atividade. Esses acidentes estão classificados da seguinte maneira: Causados por Efeito Direto da Pressão - entre esses temos os barotraumas e a Síndrome de Hiperdistensão Pulmonar. Causados por Efeito Indireto da Pressão - estão divididos em bioquímicos e biofísicos. Entre os bioquímicos temos as intoxicações por diversos gases e o apagamento. Já nos biofísicos temos a Síndrome Descompressiva. Temos ainda os acidentes ocasionados pelo meio ambiente submarino - aqui estão classificadas as lesões ocasionadas por seres marinhos perigosos ao homem, afogamento e acidentes por efeito térmico.

3. Outros acidentes

Nesse grupo compreendemos todos os acidentes que ocorrem não incluídos nos dois grupos anteriores. São lesões que ocorrem em costões rochosos, nas praias, no cais de atracamento e no transporte dos mergulhadores. Dentre esse destacam-se as contusões, ferimentos, entorses, luxações, fraturas, traumatismos na coluna vertebral, crânio-encefálicos, traumas da face, do pescoço, do tórax, do abdômen, das extremidades, entre outros. Historicamente, os indivíduos consideram as lesões como conseqüência de algo imprevisível. Hoje em dia sabemos que isso não é verdade. A pesquisa epidemiológica revelou que as lesões afetam grupos de alto risco identificáveis, seguindo uma cadeia previsível de eventos, sendo portanto evitáveis. O impacto dessas lesões pode ser reduzido através da combinação de estratégias de prevenção, tratamento agudo e reabilitação. Essa combinação de estratégias foi denominada Controle de Lesão. W. Haddon desenvolveu uma abordagem clássica ao identificar os três principais fatores da lesão (hospedeiro, veículo e meio ambiente) e subdividir cada um desses fatores em três fases temporais de um evento de lesão (a fase pré-evento, o próprio evento, a fase pós-evento). O resultado foi uma matriz fase/fator de nove células distintas. O exame dessas células pode sugerir várias estratégias para evitar ou controlar as lesões. Mais tarde, Haddon delineou dez estratégias genéricas para evitar ou controlar a lesão quebrando com a cadeia da causa da lesão em vários pontos. O exame dessa lista para identificar a abordagem mais promissora para lidar com um tipo de lesão é conhecida como Análise de Opções. Em geral, uma combinação de abordagens é mais eficaz do que a utilização de uma única estratégia.

  • Prevenir o surgimento de riscos.
  • Reduzir o volume de riscos.
  • Evitar a liberação de um risco existente.
  • Modificar a taxa de distribuição da liberação de perigo em sua fonte.
  • Separar, por tempo ou espaço, o risco do qual está sendo protegido.
  • Separar fisicamente, com barreiras, o risco do qual está sendo protegido.
  • Modificar superfícies e estruturas básicas para reduzir a lesão.
  • Tornar o que deve ser protegido mais resistente à lesão.
  • Começar a registrar as lesões que já ocorreram.
  • Estabilizar, reparar, e reabilitar o indivíduo que sofreu a lesão.

As lesões constituem um enorme problema da saúde pública e o sucesso de seu controle não acontecerá do dia para a noite. Existem desafios importantes como a formação de instrutores, treinamento de mergulhadores em emergências médicas relacionadas ao atendimento em operações de mergulho, conscientização das operadoras no que se refere a kits de primeiros socorros adequados, entre muitos outros. Desejo que este artigo contribua para estimular os mergulhadores e os colegas instrutores a realizarem contribuições para esse campo que no mundo inteiro cresce rapidamente.